Ação faz parte da agenda da Semana por Reparação e Bem Viver que reúne dezenas de atividades abertas ao público
Neste sábado (22), o Comitê Impulsor Global da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver deu início à atividade Diálogos Globais por Reparação e Bem Viver que se estende até o dia 24 de novembro, na Universidade de Brasília. O encontro propõe uma experiência de intercâmbio entre saberes, histórias e resistências femininas negras, reunindo mulheres negras e aliadas para refletir sobre as múltiplas formas de violência, desigualdade e invisibilização enfrentadas historicamente.
A cerimônia de abertura contou com a participação de Mabel Lopes (CL), Naiara Leite (BR), Nedelka Lacayo (HN), Tresna Pinas (SR), Aminata Coeta e Liz Caciedo – Tierras de Guayana y Tena. De acordo com Naiara Leite, que integra o Comitê Impulsor Nacional da Marcha e a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, esta atividade é um dos momentos que explicita a radicalidade das mulheres negras: “Para nós que estamos no Brasil construindo essa marcha há dois anos, esse é um dos momentos mais importantes da nossa luta. É um momento de maior radicalidade, de maior desafio, de maior tensão, mas é um momento de construção de sonhos e de fortalecer a imaginação radical das mulheres negras”, afirmou.
O primeiro dia dos Diálogos reuniu mulheres negras da África, das Américas e da Europa em conversas sobre democracia, justiça climática, enfrentamento às violências, economia do cuidado, espiritualidade, segurança pública e vida digna. Essa atividade reforça a dimensão transnacional da Marcha, que ecoa lutas e sonhos de mulheres negras de mais de 40 países.
Terlúcia Silva, ativista da ABAYOMI – Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba, destacou a importância do fortalecimento do movimento de mulheres negras no mundo a partir desse momento histórico. “Estamos ampliando o debate com mulheres negras de diferentes países do mundo, fortalecendo a estratégia política das mulheres negras aqui no Continente, e trazendo para o centro do debate a importância da Reparação, entendendo esse conceito numa perspectiva ampla de reconhecimento das nossas histórias, sobretudo dos nossos direitos. Estamos em marcha, vivenciando esse momento que é único, e a partir daqui o movimento de mulheres negras no mundo será ampliado e a nossa incidência será fortalecida”, ressaltou.
O evento integra a programação oficial da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que acontece no dia 25 de novembro, em Brasília, e se coloca como um espaço de construção coletiva de alternativas globais para justiça social, reparação histórica e da construção do Bem Viver, conceito que valoriza a harmonia entre comunidades, meio ambiente, território e cuidado com a vida em suas múltiplas dimensões.
Os diálogos estão estruturados em cinco eixos de atuação, que orientam a programação e as discussões: Geopolítica da Reparação e Bem Viver a partir do Sul Global e Alianças Transnacionais; Territórios, Corpos e Espiritualidades das Mulheres Afro contra a Violência Política, de Gênero e de Raça; Economia, Trabalho, Tecnologia e Empoderamento; Arte, Cultura, Comunicação e Narrativas; Participação, Liderança e Ação Política.