Rede de Mulheres Negras do Nordeste abre inscrições para capacitar conselheiros tutelares no combate à violência contra meninas e mulheres

A formação é exclusiva para conselheiros tutelares e/ou candidatos dos nove estados da região Nordeste

Rede de Mulheres Negras do Nordeste

A Rede de Mulheres Negras do Nordeste (RMNN) abre inscrições para a capacitação “Violência doméstica contra meninas e mulheres e suas intersecções com o racismo”, que será voltada exclusivamente para conselheiros/as/es tutelares e/ou candidatos às vagas dos nove estados da região Nordeste. As inscrições vão ocorrer de 22 a 27 de agosto e serão disponibilizadas 70 vagas, sendo 60% para conselheiros/as/es em atuação e 40% para pessoas candidatas a conselheiros/as/es tutelares nas eleições de 2023, nos estados da região Nordeste. O resultado será divulgado no dia 28 de agosto e a formação acontecerá remotamente, através da plataforma Zoom, no dia 30 do mesmo mês, das 8h30 às 11h30. Os participantes terão direito a certificado.

A formação tem o intuito de capacitar conselheiros/as/es tutelares para que, além de protegerem a vida de crianças e adolescentes, também possam criar ferramentas de proteção às mulheres. “Os conselheiros tutelares estão sempre em contato com a população, eles trabalham diretamente com o atendimento a crianças e adolescentes que sofrem violência, e também crianças e adolescentes que têm mães vítimas de violência”, explica Terlúcia Silva – da Abayomi – Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba, organização que integra a coordenação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste.  “A formação oferece subsídios  para que conselheiros e conselheiras tutelares tenham um manejo mais qualificado no atendimento às violências contra esse público considerando a perspectiva do racismo”, acrescenta.

A capacitação será ministrada por Anadilza Maria Paiva – Educadora Popular, Feminista, Assistente Social e Especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes. No ato da inscrição, o/a/e candidato/a/e deve anexar documento que comprove vínculo ao cargo de conselheiro/a/e tutelar. As pessoas que concorrerão às eleições do próximo dia 1º de outubro também devem comprovar suas candidaturas. Para acessar o formulário de inscrição, clique AQUI.

O projeto faz parte de uma iniciativa da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, que tem atuado no desenvolvimento de um observatório de enfrentamento a violências contra mulheres negras na região Nordeste. “No contexto do nosso observatório, que é de enfrentamento à violência e ao feminicídio, os Conselhos Tutelares é quem vão acolher as meninas menores vítimas de violência e de abuso sexual”, explica Valdecir Nascimento, do Odara – Instituto da Mulher Negra, que também integra a coordenação da RMNN. “Da mesma forma que nós vamos pesquisar e buscar informações em Centros de Referência, Casas Abrigo, Delegacia Especializadas de Atendimento à Mulher, também os Conselhos Tutelares serão importantes no fortalecimento desse trabalho”, completa.

Violência em ascensão

Dados do Anuário da Segurança Pública de 2023 apontam o crescimento frenético nos casos de violência contra meninas e mulheres negras no Brasil. Os números de tentativas de feminicídio tiveram um aumento de 16,9%, a maioria das vítimas são mulheres negras (61,1%). A quebra de recorde nos casos de estupro também apresentam a realidade desoladora que o país enfrenta, tendo alcançado a marca histórica de 74.930 vítimas. Desse total, 88,7% são do sexo feminino e 56,8% são negras. Crianças são os principais alvos desse tipo de crime: 61,4% tinham entre 0 e 13 anos, sendo meninas negras como os principais alvos.

Nessa conjuntura, a movimentação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste se mostra uma via urgente de combate a uma realidade que tem ceifado a vida de meninas e mulheres negras brasileiras e do Nordeste. “A formação, dentro do contexto da proposta do observatório, dialoga na perspectiva de uma mudança de mentalidade de segmentos que estão vinculados com a questão da violência e que são importantes para a nossa atuação”, destaca Valdecir, em uma perspectiva que se alinha às palavras de Terlúcia: “Nesse sentido, a capacitação também é importante para o fortalecimento do observatório como instrumento de incidência política e enfrentamento à violência”.

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