“Reparação no Brasil: O que as mulheres negras estão pensando?” é o tema abordado nesta edição
A 5ª edição do Março de Lutas já começou e as mulheres negras do país inteiro estão se mobilizando em torno de atividades políticas pautadas no tema “Reparação no Brasil: O que as mulheres negras estão pensando?”.
O tema vem com a proposta de destacar a dívida histórica que Estado e a sociedade brasileira possuem para com a população negra e, em especial, com as mulheres negras. Em meio à complexidade da temática, buscamos ir mais além do pouco já conquistado e abrir o leque de possibilidades do que ainda é necessário ser feito, partindo das perspectivas de mulheres negras diversas.
Pensando em ampliar as vozes das mulheres negras sobre o que entendem por reparação e sobre quais os caminhos para atingi-la, preparamos uma série de vídeos com participação de ativistas negras de diversas áreas de atuação.
O que é reparação para as mulheres negras quilombolas? E para as mulheres negras trans? Para as mulheres negras de axé? Para as mães e familiares de vítimas do Estado? Para as mulheres negras vítimas de violência doméstica? São algumas das questões que nos propomos a elucidar.
Para Ângela Figueiredo, professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), “reparação é o reconhecimento das atrocidades históricas cometidas durante a escravidão e o colonialismo contra as populações consideradas racialmente inferiores”. Para ela, a reparação perpassa pela criação de estratégias políticas, sociais e simbólicas que impactem as vidas das populações negras e indígenas em todos os âmbitos. Dentre as estratégias, Ângela destaca: criação de políticas públicas, indenizações coletivas, redistribuição de renda e construção de novas narrativas sobre a história brasileira.
Na mesma linha de pensamento, Socorro Guterres, ativista da Rede de Mulheres Negras do Maranhão, defende que a reparação se dá pela garantia dos direitos do povo negro brasileiro e por “atos de correção às consequências do processo de escravização dos povos africanos no Brasil”, como: a titulação das terras de territórios quilombolas; o direito à educação, saúde e trabalho; reconstrução de espaços sagrados das religiões de matriz africanas que são violados.
Para Thifanny Odara, pedagoga e Ialorixá do Terreiro Oya Matamba, “falar de reparação é falar da dívida histórica que o país tem para com a população negra e índigena, para com as mulheres, para com a população de travestis e transexuais”. Ela afirma ainda que pensar a reparação também é pensar na garantia do acesso aos espaços de poder para os povos racializados.
Todos os 15 vídeos da série serão publicados a partir de hoje (8) até o final do mês de março nas redes sociais da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) e da Rede de Mulheres Negras do Nordeste.